Da dura tarefa de tornar-se mulher

Autores

  • Simone Schmidt

Palavras-chave:

ficção moçambicana contemporânea, colonialismo, colonialidade, gênero, raça.

Resumo

O artigo põe em diálogo o conto “O baile de Celina” (1950), publicado na Antologia de Contos (2012) da escritora moçambicana Lília Momplé, e o filme de curta-metragem Phatyma (2010), resultante da parceria entre o cineasta Luiz Chaves e a romancista Paulina Chiziane. Através dessa leitura, pretendo discutir as tensões resultantes da complexa intersecção gênero/raça que se faz presente na experiência de meninas e mulheres moçambicanas, em situações que se estendem desde o colonialismo até os dias de hoje. Tomando como ponto de partida para minha abordagem o tema da formação das mulheres, pretendo retomar as reflexões de Simone de Beauvoir em sua célebre proposição sobre o tornar-se mulher. Minha leitura do conto e do filme parte, portanto, da leitura de Beauvoir – ou, de forma mais exata, da primeira parte do volume 2 de O segundo sexo, a qual se intitula, precisamente, Formação. Colocando em contato – e em atrito – o texto da filósofa francesa, que nos fornece pressupostos sobre os quais desenvolvemos a crítica feminista nos séculos XX e XXI,  e os textos literário e cinematográfico de Lília Momplé e Paulina Chiziane/Luiz Chaves, pretendo abordar algumas discussões sobre a formação escolar e afetiva das mulheres moçambicanas, situadas no tenso espaço de negociação (ou conflito) entre “tradição” e “modernidade”, família e escola, subalternidade e resistência, meio rural e urbano, infância e idade adulta – apenas para citar alguns dos muitos temas que se fazem presentes em ambas as narrativas.

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Publicado

2016-12-18

Como Citar

Schmidt, S. (2016). Da dura tarefa de tornar-se mulher. Cadernos De Literatura Comparada, (35), 15–28. Obtido de https://ilc-cadernos.com/index.php/cadernos/article/view/379

Edição

Secção

Mulheres, Escritas, Mundo: Constelações