O Conceito de País em "Uma Viagem à Índia"
DOI:
https://doi.org/10.21747/21832242/litcomp38v8Palavras-chave:
Uma Viagem à Índia, Gonçalo M. Tavares, PaísResumo
Pretende o presente estudo expor o questionamento que sofrem alguns critérios universalmente aceites como formadores da noção de país na obra Uma Viagem à Índia, de Gonçalo M. Tavares. Uma vez que nesta obra não é predeterminada à ideia de país qualquer contexto de ordem pragmática, ficam em certo sentido anulados os critérios externos habitualmente utilizados para balizá-la. Sendo a anulação de tais critérios afirmada de modo explícito na obra, traçarei um breve mapa destas negações. Redundando a explicitação destas negações numa noção de país que sai da própria possibilidade de sobredeterminação por via de qualquer meta-linguagem, de qualquer fundamento místico, implica isto um devir intrínseco a tal noção, uma força metamórfica que não lhe permita fixar-se sob nenhuma forma estanque. Um conceito, por conseguinte, em permanente restruturação, cuja força não é bruta nem modeladora, mas delicada e maleável – que assenta numa intensidade inteligente e complexa. Para findar, articular-se-á esta noção mutável de país com as noções de tempo e de espaço.