As Narrativas de "Novas Cartas Portuguesas" e "Dores" (de Maria Velho da Costa) – Uma Reflexão sobre o Intertexto de Histórias no Feminino e a História Cultural e Política
Palavras-chave:
Mulher, memória cultural, narrativa, históriaResumo
Proponho-me neste ensaio, tendo por base duas narrativas em diálogo intertextual, Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, e Dores, de Maria Velho da Costa, analisar o
modo disruptivo como a identidade feminina é construída contra, mas muitas vezes a partir do espartilho dos valores tradicionais e estereótipos da feminilidade (a maternidade, a submissão, a passividade, a vulnerabilidade),
para os subverter ou parodiar, expondo-os à la limite. Os contos e as crónicas que compõem o texto Dores (1994) serão o mote para esta indagação, num diálogo que se quer intertextual e polifónico com o arquitexto das Novas Cartas Portuguesas, enquanto texto original de ancoragem. O objetivo será evidenciar o diálogo entre texto literário e texto social e, como tal, o modo perturbador
e inquietante como cada uma destas narrativas resiste à “prisão da linguagem” e ao confinamento do estritamente literário, confrontando o leitor diretamente
através dos vários excessos, discursivos e outros, que cada umdeles, a seu modo, magistralmente exibe.