Julio Cortázar e Lygia Fagundes Telles nas Encruzilhadas de seus Duplos
Palavras-chave:
Julio Cortázar, Lygia Fagundes Telles, fantástico, duplo, espaço identitárioResumo
O presente artigo divulga resultados do meu projeto de pesquisa sobre o duplo na literatura. Com base em estudos de intertextualidade e interdiscursividade, analiso o conto “Casa tomada” de Julio Cortázar, em comparação com “As formigas”, de Lygia Fagundes Telles. Os protagonistas dos dois contos apresentam sonhos aflitivos, relativos a pulsões sexuais reprimidas, figurativizadas por eventos da ordem do fantástico. Conforme Sigmund Freud, por meio de condensações e deslocamentos, o conteúdo reprimido no inconsciente emerge à superfície, porém disfarçado. A metodologia de análise dos contos relaciona as categorias da enunciação propostas por Greimas (pessoa, tempo e espaço) com a teoria do duplo, proposta por Clément Rosset. Já que a casa é um elemento de forte carga simbólico-figurativa nos contos de Cortázar e Lygia, constituindo o espaço identitário das personagens, o presente estudo narratológico centra-se nas categorias espaciais. Considera-se a tensão dialética de cosmos (ordem social) e caos (desordem das pulsões).