Nos Passos de Magalhães de Gonçalo Cadilhe: viagem, evocação histórica e diálogo intercultural num tempo de globalização
Palavras-chave:
Fernão de Magalhães, Gonçalo Cadilhe, Literatura e História, Crónica de viagem, Biografia, Pós-modernidadeResumo
Gonçalo Cadilhe era já um nome conhecido na literatura portuguesa de viagens quando em 2007 propôs ao semanário Expresso uma viagem temática, subordinada à figura de Fernão de Magalhães e à primeira circum-navegação. Chamou-lhe “biografia itinerante”. De facto, o projecto – que passou das crónicas do jornal para a publicação em livro e para a difusão em série televisiva – procura trazer a vida do grande navegador para a ribalta, mas distingue-se das biografias tradicionais por enfatizar o lugar do biógrafo-viajante na contemporaneidade da sua própria viagem. A articulação de presente e passado no encontro de culturas, o jogo narrativo entre a reconstrução da figura de Magalhães e a representação da multifacetada diferença do Outro, o cruzamento do uno e do diverso na globalização actual, e ainda a sensibilidade do olhar do autor-viajante e o estilo dúctil da sua escrita, tudo isto foram razões substantivas para o enorme êxito que o livro conheceu. Tomando em consideração quer as discussões genológicas sobre biografia e sobre literatura de viagens, quer a questão da busca permanente do exótico no planeta global, o meu artigo pretende estudar a fecunda hibridez desta obra, que, na pós-modernidade, cruza tempos e espaços numa peculiar viagem de demanda intercultural.