"Sebastian, König von Portugal" [Sebastião, Rei de Portugal] (1824) de Carl Weisflog: história e mito numa novela romântica “fantasiosa” ao gosto Biedermeier
Palavras-chave:
mito, D. Sebastião, identidadeResumo
Considerado um epígono de E.T.A. Hoffmann, em cujo círculo de amigos era conhecido pelo seu humor e apurada veia satírica, o escritor tardio e juiz Carl Weisflog (1770-1828) é autor do conjunto de narrativas e de novelas, publicadas entre 1924 e 1929, em doze volumes, com o título genérico de Phantasiestücke und Historien, pela então famosa casa editora Arnold (Dresden). Correspondendo genericamente ao gosto literário burguês da época, esta obra conheceu na altura uma considerável fortuna editorial. O presente artigo debruça-se particularmente sobre Sebastian, König von Portugal (1824), uma narrativa constante do 2.º volume da referida colectânea de Weisflog, baseada na figura do jovem rei de Portugal e no percurso labiríntico do pretenso D. Sebastião que apareceu Veneza. Nesta novela histórica, um interessante exemplo de Unterhaltungsliteratur, entrecruzam-se elementos da Romantik, com manifestas influências de E.T.A. Hoffmann, e da Literatura do Biedermeier, elementos esses que sobrelevam especialmente do processo de ficcionalização a que a matéria história em apreço foi submetida, incluindo da empatia emocional suscitada pelas figuras do poeta épico Camões e do rei D. Sebastião, cujo patriotismo fervoroso deve ser enquadrado na procura de um Nationalgeist que a Alemanha, na altura tão dividida, ansiava para si própria.