A incerta viagem dos mitos e das mulheres que neles vivem: a reinvenção de Helena
Palavras-chave:
Mitologia, Grécia antiga, Literatura Grega, Helena de TroiaResumo
Os antigos Gregos assentaram grande parte da sua identidade – e da sua cultura, e da sua literatura – num conjunto de narrativas, variadas, multiformes, capazes de incluir toda a experiência humana. A essas narrativas costumamos chamar mitos. É sobre elas que assenta a força e a variedade da literatura grega, de Homero à tragédia, dos poetas líricos aos historiadores e aos filósofos. Eram narrativas de uma incrível plasticidade, permanentemente contadas e recontadas, sempre prontas a assumirem novas formas e diferentes versões, num incessante diálogo consigo mesmas. Neste texto, abordo esta capacidade de reinvenção a propósito da figura de Helena (em Homero, em Estesícoro, em Eurípides, em Heródoto), talvez aquela, de entre as figuras mitológicas, que mais viu refeita a sua história. Se hoje continuamos a reescrever os mitos gregos, talvez isso aconteça porque os próprios Gregos já entendiam que essa era a forma indicada de lidar com eles: reinventá-los continuamente.