Figurações/fulgurações do labirinto em "Migrações do Fogo", de Manuel Gusmão
Palavras-chave:
Labirinto, migração, tempo, espaço, constelação, memória, caminho, migrante, promessa, fios, Ariadne, linguagem, ruínas, mapa, utopia, poemaResumo
Migrações do Fogo, de Manuel Gusmão, poderá ter tido por base a questão dos grandes movimentos migratórios da atualidade, embora tudo se tenha complexificado com o surgimento de uma ideia de migração mais complexa, conduzindo a um outro conceito de migrante. Esta criação de mundos em devir está também presente na obra analisada, uma vez que o “migrante” avança num movimento de errância pelos labirínticos corredores, onde se cruzam memórias cristalizadas de toda uma tradição literária, musical, plástica e, sobretudo, cinematográfica. A ênfase na memória cinematográfica gera um movimento ecfrástico visível em muitos dos poemas que constituem a obra em estudo. A questão do tempo (da história e da memória) afirma-se como um vetor fundamental para a perceção desta poesia que circula nas linhas e nas margens de um “tempo constelado”, tal como definido pelo próprio poeta.