Para repensar o cânone: "Pensamento fronteiriço" e distribuição geopolítica da produção intelectual
DOI:
https://doi.org/10.21747/21832242/litcomp43a13Palavras-chave:
Pensamento fronteiriço, Ana Maria Gonçalves, colonialidade do saber, CânoneResumo
A partir do conceito de “pensamento fronteiriço” de Walter D. Mignolo (2003), discuto a urgência da constatação de que a valoração do objeto de conhecimento e da arte, a exemplo da literatura, não está associada às predicações do objeto em si, mas exclusivamente em relação ao lugar de enunciação (de onde parte o discurso e de quem o formula). Em um contexto de colonialidade do saber, é o eu do discurso que indica o valor do objeto artístico/científico e, consequentemente, estabelece a distribuição do local legítimo de produção. E é claro que na história da produção artística e científica, o lugar de enunciação permitido sempre foi o Primeiro Mundo, onde a arte e a ciência sempre foram produzidas por brancos, mais especificamente, homens brancos. A ideia também é mostrar como Ana Maria Gonçalves em Um defeito de cor questiona o cânone literário por meio de uma poética com diversidade epistêmica e como ele torna-se o espaço para produção de “um outro pensamento” (Pensamento fronteiriço).