Yvette Centeno: uma poética ao rés do tempo e das coisas sem tempo ("Entre Silêncios. Poesia 1961-2018")
DOI:
https://doi.org/10.21747/21832242/litcomp43v1Palavras-chave:
Lírica contemporânea portuguesa, Yvette Centeno, obra poética, provocaçãoResumo
Como um mapa desdobrável, dos que exibem com maior ou menor detalhe as possíveis direções e coordenadas dos lugares que se buscam, assim uma (quase) integral obra poética reunida num único volume pode ser lida e estudada sob diferentes perspetivas ou ângulos de incidência: cronológico, temático, simbólico. Preservando a funcionalidade desse olhar multifacetado, a um tempo global e analítico, este ensaio intenta seguir um itinerário de leitura plural e intersecionada do livro de poemas de Yvette K. Centeno, Entre Silêncios. Poesia 1961-2018. No seu despojamento retórico, nela se dá voz a um conhecimento depurado do mundo feito de incursões afetivas, que vão da dor à alegria, da ironia à revolta, da alusão erótica à inquirição espiritual, da paixão subjetiva ao amor universal, do corpo físico de mulher à consciência política do ser feminino, do sentimento filial ao maternal, do sentido do trágico à esperança redimível. Mas também feito de declinações culturais e literárias que a inscrevem, sem intenções de filiação programática, e com pontuais incursões em língua francesa, no horizonte da tradição lírica erudita em língua portuguesa.