Morte e Utopia no "Livro Tibetano dos Mortos". Da contemplação da impermanência à vida pós-morte e à descoberta da imortalidade
Palavras-chave:
Budismo tibetano, Livro Tibetano dos Mortos, morte, utopia, natureza de BudaResumo
Visa-se articular a ideia da utopia, enquanto "não-lugar" que é um "lugar de felicidade" - eutopia -, com experiência da morte e do pós-morte no Livro Tibetano dos Mortos e suas instruções concretas sobre como fazer disso uma forma de despertar no estado de Buda. Se no Hinayana e no Mahayana se contempla a morte como um aspecto particular da impermanência universal que leve a renunciar à vida mundana e causar o sentimento da urgência da prática espiritual, já no Vajrayana se enfatiza a possibilidade de aceder ao estado de Buda em vida ou, caso isso não aconteça, ao longo das várias fases do estado intermediário entre a morte e o renascimento. Em qualquer dos casos, a ideia fundamental, colhida da experiência meditativa, é a de que a natureza primordial da mente é incriada e alheia à vida e à morte, sendo a própria natureza de Buda.