Refugiados do Holocausto em Portugal: representações da “vida nua” no corpo social português
DOI:
https://doi.org/10.21747/21832242/litcomp45a3Palavras-chave:
Holocausto, refugiado, judeu, Alves Redol, Ilse Losa, Daniel BlaufuksResumo
Este artigo versa sobre as representações da passagem de refugiados do Holocausto por solo português na trilogia O cavalo espantado (1960) de Alves Redol, Sob céus estranhos (1962) de Ilse Losa e Sob céus estranhos: uma história de exílio (2007) de Daniel Blaufuks. Sob três perspectivas narrativas distintas - aquela do “Justo entre as Nações”, a do próprio refugiado e a do herdeiro dessa “pós-memória” (Hirsch 1992-1993) - esses autores retratam a presença dessas “vidas nuas” (Agamben 1997) no corpo social português. Na sua condição de fora-da-lei, o refugiado torna-se uma figura privilegiada para colocar em causa a “ficção originária da soberania” (Agamben 2002: 32). Pretendemos analisar, ainda, como a figura do refugiado suscita reflexões sobre o ser português, através de duas tipologias imagológicas: a “ideológica” e a “utópica” (Moura 1998).