A voracidade do desejo: a simbologia lesboerótica de Judith Teixeira em “Venere Coricata”
DOI:
https://doi.org/10.21747/21832242/litcomp46a3Palavras-chave:
Judith Teixeira, Feminismo, lesboerotismo, Venere CoricataResumo
O presente artigo analisará o soneto “Venere coricata”, do livro Decadência (1923), de Judith Teixeira (1888-1959), segundo o lesboerotismo e as concepções teóricas literárias feministas. Para tanto, embasar-se-á em critérios advindos da lírica moderna a fim de investigar temáticas que desmistificam as concepções estereotipadas, imbricadas na heteronormatividade para conceptualizar o ser mulher. Na poesia tradicional portuguesa, a problematização do corpo, da nudez e do desejo pelo viés lesboerótico difere-se do discurso construído e perpetrado pelo patriarcado, ao considerar a deslegitimação da mulher em um âmbito marcado pela opressão de gênero. Por fim, tais pressupostos temáticos justificam a necessidade de repensar o cânone, desassociando-o de percepções engessadas e perpassadas pelo discurso androcêntrico que circundava a cultura lusitana, bem como reparar o lugar atribuído a mulheres como Judith Teixeira na historiografia.