Dinâmicas de poder e insubordinação em “Danças húngaras de Brahms”, de Teresa Veiga
DOI:
https://doi.org/10.21747/21832242/litcomp39a9Palavras-chave:
Teresa Veiga, género, corpo, sexualidade, queerResumo
Em “Danças húngaras de Brahms”, segundo dos três contos reunidos na colectânea As Enganadas (2003) de Teresa Veiga, cuja trama assenta basicamente nas relações entre uma mãe viúva e o seu filho de dezanove anos, defrontamo-nos, por um lado, com um discurso que celebra os pilares do patriarcado e reduz os indivíduos a “corpos dóceis” (Foucault 1975) moldados por práticas regulatórias e discursos padronizados e, por outro, com a representação de corporalidades e performatividades que visam questionar as dicotomias de género e as categorizações rígidas de identidade, género e sexualidade. Nele se revelam identidades que remetem para a subversão, a diferença, a marginalidade, que procuram desfazer condutas e discursos normativos e desafiar determinismos que condicionam as relações entre os indivíduos. Pretende-se assim demonstrar que o conto se constrói em torno de representações opressoras de sexo, género e identidade e da tentativa de derrubar dispositivos instituídos para servir o patriarcado diferencialista e hierarquizado, abrindo espaços para a transgressão e a resistência aos vários sistemas de poder, numa perspectiva amplamente libertadora.