A esposa que suga a vida sem pudor e o corno que morre para o mundo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21747/21832242/litcomp39a10

Palavras-chave:

matrimônio burguês, desejo feminino, crise da masculinidade

Resumo

O imaginário patriarcal do amor romântico foi usado no século XIX para naturalizar a divisão sexual do trabalho própria do capitalismo industrial. Segundo esse discurso, o amor encaminha a sexualidade para o vínculo interpessoal por excelência que é o matrimônio e a dignifica pondo a procriação ao serviço de Deus e a Pátria. No século XX, as classes médias brasileiras ainda achavam que, sem o controle da sexualidade feminina, as mudanças trazidas pela modernização causariam o caos social. A partir da década de 1970, sob o influxo dos movimentos de mulheres e os feminismos, a sexualidade das mulheres transformou-se novamente em um tema de preocupação social no Brasil e debateu-se muito seu direito ao prazer desvinculado da procriação. Nesse contexto de controvérsia, podem-se encontrar em alguns textos literários os indícios de como a crise das mulheres insatisfeitas com o matrimônio burguês convencional causou necessariamente a crise da masculinidade heteropatriarcal, na medida em que o desejo das esposas de explorar sua erogeneidade coloca em questão os pilares do imaginário com o qual os maridos definem e praticam sua masculinidade. Uma leitura queer desses textos – um olhar contra a luz – permite perceber os indícios da agonia simbólica do Macho, causada pela ferida infligida à sua masculinidade pelo surgimento dos feminismos e pelos movimentos de mulheres.

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Publicado

2019-01-04

Como Citar

Luque, C. I. (2019). A esposa que suga a vida sem pudor e o corno que morre para o mundo. Cadernos De Literatura Comparada, (39), 153–165. https://doi.org/10.21747/21832242/litcomp39a10